sexta-feira, 12 de abril de 2013

Qual Poema de Drummond?

Esta semana encontrei um teste um tanto interessante, embarquei no questionário para saber qual poema de Drummond eu me identificaria melhor. Eis que a resposta foi bem conivente com minha realidade atual: Você é o poema "Os Ombros Suportam o Mundo" pois você é inconformado. Teus olhos já não acreditam no que veem ao redor. Você sabe que é hora de mudar, que o mundo já não cabe nem nele mesmo nem em você.

Irei compartilhar o link do quiz caso você queira saber qual poema seria o seu: educarparacrescer.abril 
Compartilho aqui também o meu poema de Drummond caso você esteja assim como eu... inconformado!


OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Um comentário:

  1. Fiz o teste também, obrigada pela dica!
    Esta poesia realmente fala um pouco de mim. Queria compartilhar com você.

    Você é o poema "Infância"
    Você é interiorano. Você cultiva um olhar ingênuo de tudo o que existe, é ligado à família e suas lembranças se fazem presentes há todo tempo. Não deixa seu lado humano se perder pelos caminhos da vida.


    INFÂNCIA
    Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
    Minha mãe ficava sentada cosendo.
    Meu irmão pequeno dormia.
    Eu sozinho menino entre mangueiras
    lia a história de Robinson Crusoé,
    comprida história que não acaba mais.

    No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
    a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
    chamava para o café.
    Café preto que nem a preta velha
    café gostoso
    café bom.

    Minha mãe ficava sentada cosendo
    olhando para mim:
    - Psiu... Não acorde o menino.
    Para o berço onde pousou um mosquito.
    E dava um suspiro... que fundo!

    Lá longe meu pai campeava
    no mato sem fim da fazenda.

    E eu não sabia que minha história
    era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

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